- Artesanato
O artesanato é uma das actividades mais vincadas da região de Aveiro.
Existe uma grande variedade de produtos fruto de um leque abrangente de actividades manuais, no entanto a cerâmica e a riquíssima azulejaria continuam a ser a arte tradicional mais representativa e de maior qualidade.
Com tradições multisseculares, as actividades artesanais, traduzem a forma de vida alegre das gentes da região.
- Cerâmica Aveirense
Desde tempos imemoráveis que a “Amesterdão Lusitana” possui particular escassez em pedra e em madeira. Desta forma os seus habitantes, para compensar tão grande carência, fizeram uso das ricas jazidas de argila que constituem o subsolo Aveirense, tal como confirmam os documentos medievais e mesmo pesquisas arqueológicas de períodos anteriores.
As olarias aveirenses conquistaram fama e asseguraram as necessidades locais durante séculos, exportando os seus diversificados produtos.
- Azulejos
O azulejo constitui uma das expressões mais populares e mais requintadas da arte que se faz em Portugal, sendo nele muitas vezes expressa a história e cultura de um povo ou das gentes de uma cidade.
Embora a sua origem não seja portuguesa, mas árabe (Al zulaic), o azulejo foi uma das expressões artísticas que teve no nosso país, e particularmente em Aveiro, um desenvolvimento muito sui generis.
Os primeiros trabalhos em azulejos existentes em Aveiro remontam ao século XV coincidindo com o arrancar da actividade cerâmica como actividade económica de relevo para a região. São hoje escassos os azulejos dessa época, devido aos inúmeros restauros realizados. No entanto, ainda se podem encontrar no convento de Santa Joana exemplares de azulejos deste século, ligados certamente à fundação deste.
Os painéis de azulejos etnográficos, históricos ou de figuras populares foram embelezando e dando vida a paredes nuas. Com mensagens de saudade e de amor, estes painéis, contribuíram bastante para uma imagem reluzente e policromada de Aveiro. Existem na cidade, dois pontos fulcrais deste tipo de azulejaria: a casa de Santa Zita e a Estação dos Caminhos-de-ferro.
- Gastronomia de Aveiro
As tradições gastronómicas de Aveiro devem-se, em boa parte, aos paladares adocicados daqueles que, ao longo do tempo, foram cozinhando as receitas que agora fazem as delícias de residentes e visitantes. Um caso exemplar é o das freiras do Convento de Jesus. Estas deixaram um legado capaz, já disse alguém, de nos fazer "cantar louvores supremos". São os típicos ovos-moles, pois claro. Símbolo de Aveiro por excelência.
Os Ovos-moles são um doce Regional, tradicional da pastelaria aveirense, cuja fórmula e método de produção original se deve às freiras dos vários conventos aqui existentes até ao século XIX - dominicanas, franciscanas a carmelitas. Extintos os conventos, o fabrico dos ovos-moles manteve-se, graças a senhoras educadas pelas referidas freiras.
A «massa de doce de ovos» é comercializada em barricas de madeira pintadas exteriormente com barcos moliceiros e outros motivos da Ria de Aveiro. Também se apresenta em tacinhas de cerâmica e ainda envolvida em hóstia moldada nas mais diversas formas de elementos marinhos.
Esta massa, embora consistente, é muito cremosa e obtida exclusivamente através de açúcar em ponto e gemas de ovos muito frescos.
O Ministério da Agricultura concedeu a este doce regional o estatuto de indicação geográfica protegida, que distingue a qualidade regional dos produtos.Os ovos-moles de Aveiro foram o primeiro produto da confeitaria portuguesa a receber este título. As confeitarias mais conhecidas situam-se na zona do Rossio, à beira do Canal Central.
Percorrendo um pouco mais a doçaria aveirense, encontramos outros legados de conventos religiosos da região de igualmente fazer crescer água na boca. Deixo aqui apenas alguns exemplos: ovos em fio, castanhas doces, bolos de vinte e quatro horas, barrigas de freira.
Mas não só em doçaria é rica a gastronomia da região. Os apreciadores da boa mesa podem regalar-se com pratos de carne e de peixe, sobretudo deste último, fruto dos bem apaladados pratos dos pescadores que povoaram, e ainda povoam, este litoral lusitano.
Comecemos pelas receitas de peixe. As sugestões são a caldeirada de enguias, a raia em molho pitau, as espetadas de mexilhão e as caldeiradas de vários peixes da Ria e do mar.
Quanto às carnes temos o suculento carneiro à lampantana (assado na caçoila de barro preto), o estaladiço leitão assado, a chanfana de borrego ou de cabrito, o chouriço com grelos ou, ainda, os apetitosos rojões.