Aveiro, na década de 1940 e 1950, era uma cidade com poucas realizações culturais, para as quais as pessoas se achavam motivadas, mas não conseguiam arranjar modo de se organizarem e fazerem aquilo que, na verdade, desejavam. Mas a vontade de diálogo, de permuta de conhecimentos, de busca de cultura, à medida que o tempo avança, vai-se fortalecendo, vai encontrando formas de tornear os obstáculos. Descobrem-se formas de reunir as pessoas para o salutar desenvolvimento intelectual individual. A partir de então começam-se a formar, em Aveiro, diversas companhias ligadas à expressão teatral.
De entre essas Companhias destacam-se:
O CETA - Círculo Experimental de Teatro de Aveiro - nascido a 14 de Fevereiro de 1959 através de um grupo de jovens pertencente ao corpo redactorial do VAE VICTIS -Suplemento literário juvenil de “O Litoral”. Esse grupo de jovens lançou, nas páginas do referido suplemento, a ideia da criação, em Aveiro, de um grupo de Teatro, cujo objectivo era ser “um teatro popular” dedicado ao público infantil, e pode-se dizer que a ideia vingou.
A 28 de Fevereiro do mesmo ano o grupo é denominado CETA - Círculo Experimental de Teatro de Aveiro, e a 3 de Julho tem pronto o seu primeiro espectáculo, que é proibido de ser apresentado pela PIDE só porque no programa o ilustre aveirense e homem de letras, Mário Sacramento (activista oriundo de Ílhavo), assinava o texto de apresentação das peças do referido espectáculo ("O Urso", de Anton Tcheckov, "O Dia Seguinte", de Luiz Francisco Rebelo e um entreacto de poesia de Carlos Morais). O espectáculo só foi possível após ser eliminado na totalidade o referido texto e substituído por outro, da autoria de David Christo (director de “O Litoral”).
A partir de então esta associação emblemática de Aveiro nunca mais parou. Já levou a cena cerca de 80 peças, sem contar com os inúmeros espectáculos de rua, facultou formação a muitas crianças e jovens em todos os domínios cénicos, despoletou o bichinho do teatro em muitos outros, organizou palestras e colóquios, editou uma revista de poesia e livros de teatro, trouxe a Aveiro um conjunto diversificado de grupos nacionais e estrangeiros, quer ligados ao teatro quer a muitas outras vertentes culturais (da música à dança, ao folclore, ao cinema, à poesia).
Ao longo do seu percurso, este importante ponto cultural de Aveiro, que já completou 50 anos, obteve numerosos prémios e menções honrosas em concursos de teatro, foi homenageado, é conhecido por todos os aveirenses e por muitos portugueses e a qualidade do seu trabalho tem sido reconhecida por todos os que com ele têm tido contacto.
O GRETUA (Grupo Experimental de Teatro da Universidade de Aveiro) é uma variante do teatro universitário, e por esta razão possui alguma instabilidade no seu corpo de actores, todavia este aspecto em nada tem influenciado o seu trabalho, uma vez que o GRETUA tem apresentado, ao longo da última década, um regular programa de actividades, afirmando-se, assim, como interventor de qualidade neste domínio.
A EFÉMERO - Companhia de Teatro de Aveiro - é o mais recente de todos os agrupamentos (criado em Janeiro de 1995 por um, grupo de pessoas - Carlos Fragateiro, João Brás, José Geraldo, Rui Sérgio e Vítor Correia - que possuíam experiência profissional na área das artes dramáticas e uma íntima ligação a esta Veneza Portuguesa
quer pelos trabalhos culturais nela desenvolvidos, quer por esta ser o seu local de nascimento e/ou de residência), sendo também o mais realizador dos últimos anos, com peças em cena de grande responsabilidade. Dotado de instalações próprias mas partilhadas - o Estaleiro Teatral.